Fumeiro
Quem poderá duvidar que o fabrico do fumeiro tradicional é uma arte?…
Portugal possui um leque variado de produtos agrícolas e agroalimentares com uma qualidade reconhecida a nível nacional e comunitário, com base na sua origem geográfica ou com base no modo particular de produção, baseado em hábitos ancestrais, transmitidos de geração em geração.
Os últimos anos têm recordado que a agricultura tradicional reserva um potencial importante, nomeadamente os produtos artesanais e regionais de elevada qualidade. Os enchidos e presuntos de Trás-os-Montes, Beiras, Minho e Alentejo foram e continuam famosos. Entre vários fatores que poderão explicar as diferenças de qualidade entre regiões e ecossistemas, encontram-se os métodos de transformação, o ambiente e os fatores genéticos (tipo de animal utilizados).
O Fumeiro de Melgaço pela sua natureza e indiscutível excelência desenvolvida ao longo de séculos, detém um importante relevo no panorama do desenvolvimento agrário, gastronómico e cultural da região. Preparado e curado em condições naturais, pelas suas excecionais qualidades organoléticas de aspecto, cor, textura ou consistência, aroma e paladar, tem pergaminhos firmados há já mais de 500 anos.
Antigamente, o homem do campo via na matança do porco a garantia do seu sustento para o ano inteiro. Eram necessárias muitas economias para que se pudesse adquirir o leitão para engorda, destinado a ser abatido. Comprar carne aos quilos não dava resultado para as numerosas famílias, daí a necessidade de se matar um porco, que traria consigo fartura.
O fumeiro de Melgaço, nomeadamente os presuntos e enchidos, não constituem, hoje, nenhuma inovação de qualidade ou originalidade, na medida em que estes já eram produzidos há muitos anos. No entanto, por serem considerados, desde sempre, produtos de alta qualidade, passaram a ocupar um lugar de destaque na nossa sociedade e hábitos gastronómicos.
Antes, existiam como uma necessidade, como um produto energético ao alcance das classes menos abastadas, hoje, são apreciados pelos conhecedores e consumidos por todos os que realmente apreciam a qualidade e a diferença. Antes, o fumeiro era confecionado de forma rudimentar e consumido num círculo muito restrito de familiares e amigos, hoje, estão no círculo da nossa sociedade de consumo, passíveis de serem adquiridos por qualquer apreciador.
As boas características organoléticas dos produtos do fumeiro tradicional ainda se mantêm ligadas ao fabrico artesanal e à família rural. São raízes às quais não nos podemos aliar porque são a base dos nossos produtos e são o elo de ligação com um passado rico de histórias e um presente feito na história.
Atualmente pode-se falar de novas perspetivas e de um futuro que promete mais estabilidade. Vale a pena investir nestes produtos que nos oferecem abastança, qualidade e, ao contrário do que antes se pensava, são benéficos para a saúde, nomeadamente no que do porco mais se temia: a sua gordura.
Esta realidade atual jogará um papel fundamental na agricultura do presente e certamente do futuro, onde a qualidade dos produtos protegidos, como já hoje acontece com o vinho Alvarinho, constituirão obrigatoriamente motivo de escolha do consumidor pela segurança e proteção da saúde pública e do ambiente.
Qualificação/certificação do fumeiro
A escassez de recursos alimentares nesta região, periférica em relação aos grandes centros de produção e consumo, e as dificuldades de abastecimentos que essas condicionantes impunham canalizaram o engenho e a sabedoria popular local para a transformação e conservação da carne de porco pelos processos tradicionais de salga, “sorça” e fumagem. O fumeiro de Melgaço tem uma enorme reputação associada à sua região de origem e possui características qualitativas indissociáveis quer do concelho onde é produzido, quer do saber-fazer das suas populações. Esta originalidade já vem dos nossos antepassados que souberam aproveitar os recursos locais (clima, alimentos e madeiras apropriadas para a fumagem) e daí criar produtos para a sua sobrevivência e cujo gosto tão particular ainda hoje perdura. Estes produtos, ao longo dos tempos, passaram a ocupar um lugar de destaque na nossa sociedade e na nossa gastronomia sendo apreciados tanto pela população local como pelos consumidores habituais.
Fruto da preservação duma ligação histórica e do engenho e a arte do saber fazer tradicional, Melgaço possui um fumeiro que se caracteriza pela fidelidade às tradições e dotado de um requintado e irresistível sabor.
A certificação de Melgaço como IGP para o Presunto, Salpicão, Chouriça de Carne e Chouriça de Sangue visa contribuir para a fixação das populações rurais e melhorar o seu rendimento, valorizar a qualidade do fumeiro de Melgaço afirmando e aumentando a sua competitividade em relação aos demais produtos nacionais e importados, valorizar e promover a gastronomia da Região, nomeadamente através dos aspetos culturais, gastronómicos e procurar nichos de mercado.
É uma estratégia que visa tornar as empresas mais competitivas, envolvendo uma maior participação dos produtores agrícolas de base na transformação e criação de animais e na comercialização dos seus produtos, aproveitando, ao mesmo tempo, as alterações que se verificam nos hábitos dos consumidores, os quais tendem a valorizar a qualidade, a origem e o saber fazer tradicional.
Produtores
Quinta de Folga
967 076 079
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quintadefolga@quintadefolga.com
www.quintadefolga.com
Aveleira Fumeiro Tradicional
939 793 144
gabrielaisabelalves@gmail.com
O Casal
939 542 601
btcasal@gmail.com
Leonor Esteves
938 753 658
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Sabores Castrejos
925 145 305
saborescastrejos@gmail.com