Enoturismo

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Foi no Noroeste, no coração mais povoado de Portugal desde os tempos asturo-leoneses, que a densa população cedo se espalhou pelas leiras de uma terra muito retalhada.
A partir do século XII existem já muitas referências à cultura da vinha cujo incremento partiu da iniciativa das corporações religiosas a par da contribuição decisiva da Coroa.

A viticultura terá permanecido incipiente até aos séculos XII-XIII, altura em que o vinho entrou definitivamente nos hábitos das populações do Entre-Douro-e-Minho. A própria expansão demográfica e económica, a intensificação da mercantilização da agricultura e a crescente circulação de moeda, fizeram do vinho uma importante e indispensável fonte de rendimento.

Embora a sua exportação fosse ainda muito limitada, a história revela, no entanto, que terão sido os «Vinhos Verdes» os primeiros vinhos portugueses conhecidos nos mercados europeus (Inglaterra, Flandres e Alemanha), principalmente os desta região e os da Ribeira de Lima.

No século XIX, as reformas institucionais, abrindo caminho a uma maior liberdade comercial, a par da revolução dos transportes e comunicações, irão alterar, definitivamente, o quadro da viticultura regional.

A orientação para a qualidade e a regulamentação da produção e comércio do «Vinho Verde» surgiriam no início do século XX, tendo a Carta de Lei de 18 de Setembro de 1908 e o Decreto de 1 de Outubro do mesmo ano, demarcado pela primeira vez a «Região dos Vinhos Verdes».

Questões de ordem cultural, tipos de vinho, encepamentos e modos de condução das vinhas obrigariam à divisão da Região Demarcada em várias sub-regiões.

Pelo decreto lei nº 275/73, se confirmou e legalizou uma tradição, reservando a designação Alvarinho ao vinho verde produzido apenas na sub-região de Monção, concelhos de Monção e Melgaço, em terrenos de meia encosta da bacia hidrográfica do rio Minho, obtido pela produção e transformação de uma única casta de uva branca assim designada. É nesta sub-região (concelhos de Melgaço e Monção) onde existem as condições ideais de  microclima e solo para o cultivo e maturação  desta uva única e genuína. Existem várias teorias sobre a origem desta casta. Uns dizem que veio do Reno, outros, que veio da Grécia e outros (talvez os mais certos) que é originária do Nordeste da Península Ibérica, mais precisamente desta Sub-região, onde, ao longo dos Séculos, se acomodou às características do solo e do clima.

A casta Alvarinho é considerada, por muitos, a melhor casta branca enxertada nas vinhas portuguesas. A sua raridade, a baixa produção e, principalmente, o facto de dar origem a vinhos únicos em termos de aroma e sabor, leva a que as uvas Alvarinho sejam as mais valiosas e bem pagas de todo o País. Tal facto faz com que o vinho Alvarinho seja um vinho nobre e com grande capacidade de concorrência nos mercados nacionais e internacionais, que talvez poucos vinhos portugueses terão. A casta Alvarinho, tal como se encontra nos vinhos hoje produzidos, é uma concorrente direta às principais castas brancas mundiais.

O vinho Alvarinho é um pouco diferente dos restantes Vinhos Verdes, pela sua estrutura, pelas suas características singulares e pela sua elevada graduação alcoólica (entre 11º e 14º).
Os vinhos verdes são leves, pouco alcoólicos (8,5º -10º) e menos encorpados. O vinho Alvarinho é um Vinho Verde branco, de paladar fresco, de cor citrina e de aroma delicado. Tem carácter requintado e é, pela sua originalidade, considerada por muitos espertos do ramo um dos melhores vinhos brancos do mundo.

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Sem dúvida, a localização privilegiada das vinhas que desfrutam de um microclima muito especial (com exposição  atlântica e um clima caracterizado por elevada pluviosidade,  humidade atmosférica, temperatura amena e pequenas amplitudes térmicas) e na sabedoria das nossas gentes que selecionam criteriosamente o melhor estado de maturação das uvas. As novas tecnologias de fermentação aliados a processos ancestrais de vinificação, contribuem para extrair toda a qualidade das uvas que chegam às adegas.

É nesta fase que cada produtor imprime ao seu vinho um cunho pessoal que contribui decididamente para uma maior diversidade do universo dos vinhos Alvarinhos de Melgaço.

Únicos no mundo, a grande parte dos vinhos Alvarinho são consumidos ainda jovens, realçando toda a frescura e o carácter da casta.

Dadas as suas qualidades, este maravilhoso néctar exige que seja bebido fresco, a uma temperatura entre os 10º e os 12º C. Deve ser arrefecido lentamente para que conserve o aroma e servido de preferência em “frappé”, com garrafa aberta vinte a trinta minutos antes de ser consumido. Excelente para aperitivo, acompanha muito bem mariscos e peixes de sabor intenso ou ainda peixes gordos assados no forno. Os produtores desta região, recomendam que os seus vinhos sejam acompanhados pelos deliciosos produtos locais, o bom fumeiro tradicional, o cabrito do monte, sável de escabeche ou frito, salmão grelhado e lampreia seca grelhada ou frita com ovos.